Escola Miguel Arcanjo

\ Pedagogia Waldorf \

Nascimento da Pedagogia Waldorf e Seu Crescimento

A Pedagogia Waldorf nasceu em meio ao caos social e econômico que seguiu a Primeira Guerra Mundial. Após a derrubada das formas sociais existentes, aqueles que se esforçavam em construir o futuro da Europa, buscavam novas orientações. Nessas circunstâncias, Rudolf Steiner tentou contribuir com novas perspectivas para as primeiras tentativas de autogestão, impulsionando no seio do movimento social de iniciativas da cidadania, em Württemberg, Alemanha, os princípios da “Trimembração do Organismo Social”.

A fundação da Escola Waldorf surgiu diretamente desse impulso social de trimembração.

Emil Molt, diretor da fábrica de cigarros Waldorf/Astória em Stuttgart, Alemanha, era um comprometido colaborador do Movimento pela Trimembração do Organismo Social. Em virtude da sugestão de R. Steiner de que os trabalhadores da fábrica deveriam conhecer melhor o propósito de seu trabalho específico e, desse modo, conseguir uma relação mais humana com respeito a ele, E. Molt, em princípios de 1919, dispôs que se proferissem palestras para seus empregados sobre temas sociais e educativos. Como conseqüência, surgiu entre os trabalhadores o desejo de que seus filhos recebessem uma educação escolar mais adequada às reais necessidades do desenvolvimento humano na modernidade.

Por causa disso, E. Molt dirigiu-se a R. Steiner e pediu-lhe que ajudasse a organizar, segundo sua concepção sócio-antropológica, uma escola para os filhos dos operários de sua fábrica.

Depois de um intenso trabalho sobre pedagogia, didática e metodologia com os docentes que trabalharam com R. Steiner para tal fim, em setembro de 1919, começou a funcionar a primeira escola Waldorf, em Stuttgart, Alemanha, com 12 docentes e 256 estudantes.

Essa iniciativa foi considerada por testemunhas da época como o ponto culminante e a concretização dos princípios do Movimento para a Trimembração Social. Como escola livre, a escola Waldorf tornava real o impulso da autogestão; como escola para crianças de qualquer procedência, capacidade, raça, religião, plasmava a idéia da co-educação social.

Hoje em dia existem, no mundo, cerca de 1.200 escolas Waldorf.

Nos últimos anos, o Movimento de Pedagogia Waldorf ganhou transcendência no âmbito pedagógico internacional, nas mais diversas esferas.

Na oportunidade de celebrar a 44ª sessão da Conferência Internacional sobre Educação em Genebra (outubro/94), com a assistência dos Ministros de Educação dos países membros da UNESCO e observadores de diversas organizações internacionais interessados no tema “Apreciação e perspectivas da educação para o entendimento internacional”, o “Internacional Bureau of Education” da UNESCO solicitou ao departamento central de “Amigos da Pedagogia de Rudolf Steiner” (Freunde der Erziehungskunst Rudolf Steiner e. V.) a apresentação da Pedagogia Waldorf.

Para responder a isso, apresentou-se um painel informativo no hall central, com bibliografia sobre a Pedagogia Waldorf e uma mostra de trabalhos de estudantes, selecionados ao redor dos temas:

    • A educação ecológica nas escolas Waldorf.
    • A aprendizagem e a educação multicultural.

Paralelamente, realizaram-se colóquios, debates e mesas redondas com a participação de especialistas internacionais. O intercâmbio girou em torno dos métodos específicos e das estruturas didáticas da Pedagogia Waldorf e sua aplicação concreta, especialmente nas áreas de crises sociais e culturais.

Estudantes de escolas Waldorf da Suíça, França, Áustria e Alemanha incumbiram-se de um variado programa de representações e oficinas e, além disso, ofereceu-se a oportunidade de uma visita guiada à Escola Rudolf Steiner de Genebra.

Essa apresentação causou um impacto favorável e teve uma acolhida positiva entre os assistentes.

 

Escolas Waldorf no Brasil

 

Em 1954, um pequeno grupo de amigos, os casais Schmidt, Mahle, Berkhout e Bromberg, que se reuniam regularmente para estudar obras pedagógicas de R. Steiner, preocupados com a idéia de qual poderia ser a contribuição da Antroposofia para o Brasil e para um mundo melhor, resolveram fundar uma escola Waldorf, pois a resposta evidente à sua preocupação era que um mundo melhor pressupõe homens melhores.

Assim, em 27 de fevereiro de l956, à Rua Albuquerque Lins, bairro de Higienópolis, em São Paulo, começa a primeira Escola Waldorf no Brasil, integrada à realidade brasileira com a grande tarefa de fundamentar seu trabalho na imagem espiritual do Homem e nos ideais humanos inspiradores das demais escolas da Europa.

O casal Karl e Ida Ulrich, professores na Escola Waldorf de Pforzheim, Alemanha, foi convidado para ser fundador da escola, o que significou-lhes não só lecionar mas, também, preparar professores para lecionarem a Pedagogia Waldorf.

Em 1979, o ensino fundamental da Escola Waldorf Rudolf Steiner foi autorizado a funcionar com a duração de 9 anos e a contar com o acompanhamento do Professor de Classe, do 1° ao 8° ano. Até então, era necessário solicitar equivalência de estudos para os estudantes que concluíam o 9° ano.

Durante os doze primeiros anos a escola foi bilíngüe e o seu abrasileiramento realizou-se à medida que a Pedagogia Waldorf foi sendo assimilada por professores brasileiros e que professores estrangeiros conseguiram ligar-se com o espírito do povo brasileiro.

Com o crescente interesse dos pais pela continuidade da escola, foi possível, em 1975, concluir-se a primeira classe do 2° grau.

Antes disso, porém, em 1970, atendendo à crescente necessidade de formação e aprimoramento na Pedagogia Waldorf, nasceu o primeiro Seminário de Pedagogia Waldorf no Brasil. Esse Seminário foi fundado pelo casal Rudolf e Mariane Lanz.

Hoje o Seminário tornou-se um Centro de Formação de Professores que funciona como Escola Normal, autorizado pelo Parecer CEE n° 576/97 e pela Portaria da Dirigente Regional da 17ª Delegacia de Ensino da Capital , que possibilitaram a sua instalação e funcionamento.

Hoje a Federação das Escolas Waldorf no Brasil congrega um total de 18 escolas de Ensino Fundamental, das quais cinco já implantaram o Ensino Médio, completando-se nelas o ciclo de duração de 12 anos proposto por Rudolf Steiner.

 

Marco Filosófico

 

O fundador do movimento universal das escolas Waldorf, Dr. Rudolf Steiner, nasceu em Kraljevic (a atual Croácia), em 1861, e faleceu em 1925. Estudou Ciências Naturais e Matemática na Universidade Tecnológica de Viena. Ao mesmo tempo, dedicou-se a aprofundar temas político-sociais, realizando estudos literários e filosóficos. Foi o autor e editor do prólogo da primeira edição das Obras Científicas Completas de Göethe.

Sua contribuição inédita consistiu em ter desenvolvido um método de investigação rigoroso que permite incursionar tanto no campo do físico-sensível como no plano espiritual. Esse método permitiu-lhe enfocar e estudar, a partir de ambos os pontos de vista, o ser humano, o universo e todas as relações e inter-relações existentes com uma visão holística, global, a respeito da origem, do desenvolvimento, das metas dos seres e do mundo.

Rudolf Steiner desenvolve a Antroposofia, definindo-a como um caminho de conhecimento capaz de dar respostas rigorosas e comprováveis a todos os campos relacionados ao homem e a seu mundo.

A Antroposofia entende o ser humano como um microcosmo no qual vibram e pulsam os processos do universo. Centrando seu estudo no homem, tenta responder às suas necessidades, abarcando o científico, o cultural e o artístico-religioso, trazendo impulsos de aplicação prática concreta.

 

Concepção de ser humano e o papel da Educação para a transformação social

 

Sobre a base de sua investigação científica e fiel à idéia do homem como unidade, Rudolf Steiner elaborou uma concepção do ser humano e da vida que deu origem a novos impulsos em todos os âmbitos inerentes ao ser humano: a Pedagogia, a Medicina, a Arquitetura, a Agricultura, a Organização Social, a Arte, etc.

Suas iniciativas pretendem responder às necessidades essenciais do homem e aos problemas do indivíduo e da sociedade moderna e, por conseqüência, pós-moderna. Em relação a isto, Steiner desenvolveu nos últimos anos de sua vida uma intensa atividade, tratando de trazer soluções à crise política, social e pedagógica, estabelecida na Europa depois da primeira guerra mundial.

Rudolf Steiner antecipou a crescente dimensão da problemática social e ecológica com que se haveriam de enfrentar as jovens gerações do século XX em todo o mundo, e assinalou que, para a abordagem dessa difícil tarefa, não é suficiente a aquisição de conhecimentos científicos e técnicos: o fundamental reside em conseguir um pensamento vivo e global, que permita atuar com independência e capacidade de iniciativa, com competência para uma tomada adequada de decisões e um atuar autônomo sustentado na responsabilidade social. Para isso, deve-se enfatizar o aspecto meio-ambiental e multicultural da educação. As ferramentas que irão prover tal educação deverão procurar uma flexibilidade, uma qualificação básica multidisciplinar, um interesse ativo por todos os aspectos da vida e uma vontade comprometida com o social.

A partir da análise das dimensões específicas do ser humano: o pensar, o sentir e a vontade, Rudolf Steiner firmou as bases de uma educação que tende a responder às necessidades atuais e futuras da humanidade. Segundo ele, uma sociedade só pode configurar-se e desenvolver-se de forma sadia e adequada às solicitações da época se levar em conta as dimensões essenciais do ser humano.

É sobre a base desse mesmo princípio que concebeu a Trimembração do Organismo Social. Para isso, revalorizou os impulsos da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, como diretrizes máximas das diferentes funções sociais. Concebeu a Liberdade como o princípio básico que deve reger a vida cultural-espiritual; a Igualdade como alicerce fundamental da questão jurídico-legal e a Fraternidade como sustento imprescindível para a atividade econômica. Na educação, isso significa desenvolver na criança as bases para um pensamento claro e preciso, isento de preconceitos e dogmas, o que leva à liberdade; sentimentos autênticos não massificados e que respeitem os demais, num marco de igualdade de direitos e obrigações, e uma capacidade vigorosa de sustentar responsavelmente a fraternidade na vida econômica do futuro.

Essa visão do homem e da sociedade alimenta e sustenta tudo o que é feito nas escolas Waldorf do mundo inteiro, tanto na ação pedagógica como no que se refere à sua organização institucional de autogestão colegiada e interação sócio-comunitária. Com relação a isto, os princípios de Liberdade no pensar, Igualdade no jurídico-legal e Fraternidade no econômico regem a organização institucional das escolas Waldorf, que funcionam operativamente segundo a forma democrática e republicana. Para isto tem-se substituído a ordem hierárquica por uma condução colegiada de que participam todos os docentes, com iguais direitos e obrigações.

Os mesmos princípios básicos regem a organização administrativa, para a qual os pais se organizam junto ao Corpo Pedagógico e nos diferentes grupos de trabalho que incluem a esfera sócio-comunitária.

Princípios da Pedagogia Waldorf

 

“A Natureza faz do homem um ser natural;

a sociedade faz dele um ser social;

somente o homem é capaz de fazer de si um ser livre.”

Rudolf Steiner

A Pedagogia Waldorf concebe o homem como uma unidade harmônica físico-anímico- espiritual e nesse princípio fundamenta toda a prática educativa.

Considera o lado anímico-espiritual como a essência individual única de cada ser humano e o corpo físico como sua imagem e instrumento.

Parte da hipótese de que o ser humano não está determinado exclusivamente pela herança e pelo ambiente, e sim pela resposta que do seu interior é capaz de realizar em forma única e pessoal a respeito das impressões que recebe. Considera que o homem ao nascer é portador de um potencial de predisposições e capacidades que ao longo de sua vida lutam por desenvolver-se.

A partir de uma visão antropológica, a Pedagogia Waldorf propõe uma concepção sobre o homem que abrange todas as dimensões humanas, em íntima relação com o mundo; explica e fundamenta o desenvolvimento dos seres humanos, segundo princípios gerais evolutivos que compreendem etapas de sete anos, denominadas setênios.

Cada setênio apresenta momentos claramente diferenciáveis, nos quais surgem ou despertam interesses, perguntas latentes e necessidades concretas.

No primeiro setênio (0-7anos), a criança emprega todas as suas energias para o desenvolvimento de seu físico. Ela manifesta toda sua volição através da intensa atividade corporal.

Essa atividade, que atua na formação do físico do homem, se metamorfoseia na maior ou menor capacidade de atuar na vida adulta com liberdade no âmbito cultural-intelectual.

Nessa fase a criança tem uma grande abertura em relação ao mundo. Ela acolhe sem resistência anímica tudo o que lhe advém do ambiente em redor, entregando-se ao mundo com CONFIANÇA ilimitada. Vive num estado de ingenuidade paradisíaca, num mundo em que o bem e o mal se confundem indistintamente.

Na criança, todos os órgãos de percepção sensória estão abertos e, a partir de uma intensa atividade em seu interior, ela responde com a repetição dos estímulos vindos do ambiente exterior, a IMITAÇÃO. Essa imitação é a grande força que a criança de 1° setênio tem disponível para a aprendizagem, inclusive a do falar, do fazer, do adequado ou impróprio no comportamento humano. E é por uma imitação mais sutil que ela cria, ainda sem consciência, o fundamento para sua moralidade futura.

Nesse período a criança tem muitos amigos. Ela está aberta a contatos com outros, porém as amizades ainda são bastante superficiais, não atingindo efetivamente o outro; são muito mais destinadas a trazer o outro para o seu próprio mundo e brincar.

Durante esse 1º setênio, a relação mais importante com o mundo exterior transcorre de fora para dentro. Todavia, as experiências adquiridas ainda não são centralizadas no eu, ou seja, no centro de sua consciência.

No segundo setênio (7 a 14 anos), a criança passa a ter todas as suas forças dirigidas ao seu desenvolvimento anímico. Emancipando-se da vida puramente corporal, as energias infantis reaparecem metamorfoseadas em boa memória, imaginação, prazer em repetições rítmicas e freqüentemente em desejo de conhecer imagens de caráter universal capazes de estimular a fantasia.

O pensamento da criança dessa fase é nascido mais das energias do coração do que da cabeça; é um sentimento que pensa. Este pensar é, portanto, ainda muito diferente do pensar analítico e especulativo do adulto.

 

A grande força para aprender, nesse momento, é a capacidade de vivenciar imagens interiores intensamente. Essas imagens falam ao mundo dos sentimentos das crianças e é por intermédio delas que a criança se liga aos conteúdos apresentados.

Por volta dos nove anos, no entanto, a criança vivencia uma distância entre ela e os adultos, entre ela e o mundo e isto lhe causa insegurança. Começa então, inconscientemente, a questionar a autoridade a que antes se entregou e busca justificar sua admiração e veneração para readquirir segurança.

Por volta dos dez / doze anos, o corpo da criança começa a perder as características da infância: predomina o crescimento dos membros e o desenvolvimento do sistema muscular se torna mais importante. Inicia-se aí o período em que ela inclina-se à crítica e surge uma nova capacidade de raciocinar. Só agora, por volta de doze anos, a criança é capaz de compreender as relações causa-efeito, ou seja, entende e busca legitimamente as leis que regem os fenômenos. Ainda nesse período toma suas próprias vivências como referência para compreensão deles; só mais tarde terá a capacidade de olhá-los de forma isolada, ou seja, do ponto de vista exclusivamente intelectual.

Nas relações sociais, as crianças dessa fase tendem a ser camaradas e justas com os colegas, levados por sentimentos morais e honradez. Tudo nessa fase, inclusive as travessuras, têm seu encanto.

No final desse setênio, entre doze e catorze anos, começa o complexo de sintomas da puberdade. Os processos de transformação dentro do corpo do púbere perturbam a harmonia de sua vida anímica. Surge o desequilíbrio e antipatia aos valores tradicionais até então aceitos. A reflexão intensa sobre tudo o que agora estava estabelecido causa uma grande inatividade – “preguiça”; por outro lado, todos os processos corpóreos exigem muita atividade física.

No terceiro setênio (14 a 21 anos), o jovem entra numa relação totalmente nova com o mundo. Liberam-se as energias anímicas, ou seja, elas tornam-se independentes. No entanto, a trajetória de desenvolvimento do anímico constitui a base da vida emotiva pessoal, em que a vida se torna assunto próprio e interrogação individual sobre tudo que existe.

Uma vez liberadas as forças anímicas, desperta o pleno desenvolvimento das forças do pensar lógico, analítico e sintético. É nesse pensar e no discernir que o jovem vai buscar respostas às perguntas existenciais que surgem. É típico, nessa fase, o caráter enciclopédico, o entusiasmo pelo conhecimento e pela compreensão de fatos, a realização de experiências com perseverança e tenacidade. A esperança e o fracasso são os pólos entre os quais a vida passa a se desenrolar.

A solidão é uma intensa vivência da puberdade e é a partir dela que o jovem procura o caminho que o conduz ao próximo e a sua própria identidade. Surge daí o desejo de experienciar algo junto aos outros e sentir-se protegido pelo grupo de amigos. Ele anseia por novos pontos de apoio e quer reconhecer o mais velho como um guia numa atmosfera amistosa, pois autoridade, para ele, agora, é um insulto a sua personalidade.

Pode-se considerar a puberdade como um acontecimento dramático e grandioso na vida juvenil. O amadurecimento sexual, embora seja um grande drama real, não é o mais importante, pois há outros tantos com os quais o jovem tem que lidar.

Paralelamente ao despertar para a realidade da sexualidade, há o despertar para a realidade da Terra. Surge então a capacidade de amar profundamente, não apenas o sexo oposto, mas a humanidade como um todo. Esse é o momento em que se desenvolve no jovem um vigoroso idealismo, a busca pela verdade, a vontade de mudar o mundo e torná-lo mais fraterno. Sentindo-se corresponsável pela futura estrutura social, despertam-se-lhe os impulsos de luta, realização e atuação. Assim, o jovem prepara-se para, através de uma profissão, atuar na vida social, onde acredita ser possível realizar os ideais formados na juventude.

Ao observar-se o desenrolar dos três setênios e fazer-se um paralelo entre o desenvolvimento da humanidade e o do indivíduo, é possível notar que nos dois primeiros setênios e parte do terceiro (até ao redor dos 16 anos) o ser humano reconstrói em si a evolução que a Humanidade foi realizando através das diferentes etapas históricas. Isto é, o nível de consciência vai sendo conquistado paulatinamente, do nascimento à juventude, como a Humanidade o fez da Antiguidade aos dias atuais.

Esta observação, fundamentada no conhecimento profundo das características evolutivas e no conhecimento da conquista paulatina de consciência, requer que a ação pedagógica promova, facilite e maximize a aprendizagem e dê resposta aos interesses, perguntas latentes e necessidades concretas da criança. Pois é só respondendo à expectativa presente no educando que a aprendizagem adquire caráter significativo.

A educação assim entendida transcende a mera transmissão de conhecimentos e se converte em sustentação do desenvolvimento integral do educando, cuidando que tudo o que se faça tenha como meta a formação de sua vontade e o cultivo de sua sensibilidade e intelecto.

Em consequência, a Pedagogia Waldorf organiza os conteúdos curriculares no tempo e no ritmo adequados à situação evolutiva específica, cultivando a ciência, a arte e os valores morais e espirituais.

Deste modo procura-se estabelecer uma relação harmônica entre desenvolvimento e aprendizagem, fazendo confluir a dinâmica interna da pessoa com a ação pedagógica direta, ou seja, integrando os processos de desenvolvimento individual com a aprendizagem da experiência humana culturalmente organizada.

A Pedagogia Waldorf dá especial atenção para que no ensino se encontrem entretecidos pontos de vista científicos e estético-artísticos com os aspectos relativos ao respeito profundo e à admiração ante o mundo.

Aprofundando-se nos estudos antropológicos e ampliando-os, Rudolf Steiner compreendeu que os fundamentos para a realização dos ideais humanos de convivência moral-social, baseados na liberdade com responsabilidade, fraternidade, respeito mútuo, consciência plena de igualdade de direitos e deveres, desenvolvem-se na criança e no jovem, através do cultivo da admiração e da veneração, os quais só podem se dar através de uma religiosidade livre e verdadeira. Respeitando todas as religiões, foi no cristianismo que Rudolf Steiner encontrou caminho para essa religiosidade. Assim, as Escolas Waldorf têm sua pedagogia permeada por valores cristãos livres de qualquer instituição confessional.

FEWB

A FEWB é uma organização sem fins lucrativos de escolas e organizações independentes Waldorf no Brasil.

Fundada em abril de 1998 por professores de 11 escolas, a FEWB surgiu para apoiar e promover a educação e o diálogo sobre os interesses da Pedagogia Waldorf no Brasil. Hoje conta com um Conselho Editorial que tem como meta a edição de livros da obra pedagógica de Rudolf Steiner e de trabalhos de professores brasileiros.

No acompanhamento das Políticas Públicas a FEWB visa um diálogo: a construção e a troca de experiências inovadoras em educação que possam contribuir com a BNCC – Base Nacional Comum Curricular.

Nos últimos anos tem atuado no formato de fóruns e grupos de trabalho a fim de potencializar suas ações formando assim Núcleos de excelência.

Em seus 22 anos de vida, a FEWB passou por três grandes ciclos de gestão relevantes para o seu desenvolvimento e todos contribuíram para o seu vir-a-ser. Destaca-se um primeiro momento, em sua fase pioneira, a estruturação básica de diferentes frentes; um segundo momento mais introspectivo e voltado à revisão do seu trabalho interno e, chega ao terceiro setênio, ganhando maturidade e estruturação nos seus processos internos.

Contatos
Fone: 11 5524-0473 / 5548-9069
E-mail: fewb@fewb.org.br
Site: www.fewb.org.br

ANTROPOSOFIA

ANTROPOSOFIA procura responder às perguntas mais profundas do homem por meio da razão, porém sem negar-lhes anseios espirituais. Possibilita novas perspectivas ao ser humano na ampliação de suas faculdades mentais, elevando sua percepção e seu pensar a outras dimensões. Considerando o homem uma síntese de todo Universo, dimensão que permeia e transcende a física.

Os resultados das pesquisas antroposóficas serviram de fundamento para iniciativas sociais – a Pedagogia Waldorf, a Medicina e Farmacologia, a Agricultura Biodinâmica, a Educação Terapêutica e a Pedagogia Social.

Segundo define Rudolf Steiner, a Antroposofia é “um caminho de conhecimento que pretende fazer o espírito humano chegar à união com o Espírito Cósmico”.

Rudolf Steiner

Um ser à frente de seu tempo, contribuiu para o futuro da humanidade trazendo luz aos aspectos mais importantes para o pleno desenvolvimento humano.

Rudolf Steiner nasceu em 27 de fevereiro de 1861 em Kraljeve (Áustria). Embora desde a infância demonstrasse sensibilidade para assuntos espirituais, formou-se em ciências exatas e logo tornou-se responsável pela edição dos escritos científicos de Goethe, tendo trabalhado no Arquivo Goethe- Schiller em Weimar, na Alemanha (1890 – 1897). Nesse periodo escreveu sua obra fundamental, A Filosofia da Liberdade, passando a se dedicar a expor e divulgar os resultados de sua intensa pesquisa científico-espiritual através de conferências, de início no âmbito da Sociedade Teosófica e mais tarde na Sociedade Antroposófica, por ele fundada.


Dornach, na Suíça, passa a ser o local onde Rudolf Steiner constroi a sede da Sociedade Antroposófica – o Goetheanum – que mais tarde se tornará Escola Superior Livre de Ciência Espiritual. Segundo Steiner, a Antroposofia é um “caminho de conhecimento que pretende fazer o espírito humano chegar a união com o Espírito Cósmico”. Possibilita responder às perguntas mais profundas do homem por meio da razão, sem negar-lhes os anseios espirituais, ampliando suas faculdades mentais, elevando sua percepção e seu pensar a outras dimensões. Considera o homem uma síntese de todo o universo, dimensão que permeia e transcende a física.
Morre em 1925, em Dornach, tendo deixado extraordinárias contribuições. Os resultados de suas pesquisas antroposóficas serviram de fundamento para diversas áreas da vida humana como a Educação, a Medicina, a Farmacologia, a Economia entre outras.

Bncc e pedagogia Waldorf